Conto 2
Vivendo duplamente
O dia amanhece
Ela acorda e agradece: Mais um dia!
Mas até quando?
Ela passa pelas pessoas e sorri
Ela ajuda e escuta; Ela até cura
Ela acolhe, entende e sente
Carrega os pesos de todos e ainda,
carrega os dela. Ninguém estende a mão, segurar pesos demais caleja.
E seus pesos são mais pesados, talvez..
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Sempre é a vez de todos mas nunca chega a sua vez
Quando fica só, os fantasmas e os pesos vem
Quem pode ajudar nessa hora?
O buraco parece as vezes confortável
Parece acolhedor e se assemelha ao seu semblante. Sombrio, frio, distante.
Não dá pra ver quando ela chora
Ninguém nota quando ela tá triste
Ninguém olha além de si mesmo,
nesse mundo empatia não existe.
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É EXAUSTANTE viver sorrindo quando se está quebrado por dentro
São tantas feridas que nunca nessa vida, irão ser curadas
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A única opção que ela tem é pedir aos céus misericórdia, pra que a leve pra longe daqui, junto com os seus demônios e lembranças ruins que nela habita
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Talvez o céu seja para todos
e que Deus perdoe sua ingratidão
mas a dor dilacera seu coração
Estar morrendo aos poucos de dentro pra fora
já é uma forma de morte aceitável aos céus?
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O buraco cada dia afunda mais
e ela sabe
Sabe que não pertence a esse mundo
de gente mesquinha, egoísta, materialista
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Se em outra vida (se existir) poder ser uma borboleta e não mais fingir
ser o que não é
Talvez ai sim, alcançasse a felicidade que tanto almeja conseguir.
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Mas por enquanto, a vontade é de fugir..
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Que amanhã inicie uma nova jornada, menos dolorosa.
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